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Postagens

Paulo, apóstolo da psicanálise

 Paulo, apóstolo, escrevendo uma carta para  um grupo cristão num mundo grego-romano nos idos de 57 d.C. portanto, em meados do século l disse a coisa nesses termos "portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas" (Romanos 2.1). Numa época em que a psicanálise não existia, portanto nem sonhava com essa abordagem. Paulo, antes de Freud já entendia que aquilo que condenamos nos outros é o que mais amiúde se encontra em nossos corações. Já havia, portanto, o entendimento de que projetamos nos outros nossas inadequações. E que aquilo que detesto em alguém guardo secretamente dentro em mim.🌹†

Menos preconceito, mais respeito

 Ao longo da história a homossexualidade conta com inúmeros nomes de teor pejorativo que serviram e infelizmente, e, insistentemente ainda continuam servindo para associá-la a práticas consideradas prejudiciais para a sociedade. Tais como; sodomia, desvio, inversão, doença, pecado nefando, crime contra a natureza, viadagem, frescura, entre outros. Como consequência disso, reproduz-se o enorme e absurdo grau de reprovação a esta prática sexual e, desta forma, legitimam-se e naturalizam-se as crenças e discursos que colaboram para a manutenção do preconceito e da violência em nossa sociedade.🌹†

"Perdoados estão os teus pecados"

"Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"... Quem nunca fez essa oração que atire a primeira pedra. Contudo, aqui não existe a equação; eu perdoo, e, Deus em troca me perdoa também. Neste fragmento da "oração do Pai nosso" Jesus não está afirmando que para Deus nos perdoar se faça necessário que perdoemos aos outros também, se assim fosse, estaríamos anulando a graça, ou de outra forma, o texto estaria impondo uma condição para que fôssemos perdoados. E todos deveriam saber que o perdão é gratuito (conceito da graça). Penso que nesta fala Jesus está sugerindo um exercício da consciência, ou seja, sei que o Pai me perdoa, portanto, quero perdoar também, ou ainda, perdoo porque sei o bem que faz ser perdoado e quero, agora, conhecer o bem que sentirei ao perdoar. Assim sendo, não é uma barganha, e sim uma consciência, consciência esta que só tem quem se sabe livre dos cadeados da amargura, de quem é seguro da alforria que teve da

Conta-gotas de sabedoria.

 Diante das grandes questões da vida já fiz perguntas cretinas o suficiente. Sem mencionar as respostas idiotas e patéticas que eu mesmo ofereci. Entrementes, crescer é um imperativo processual sem fim. Confundir o acúmulo de conhecimento com sabedoria no início é aceitável, contudo, depois de certo tempo se percebe que você pode possuir um doutorado e ainda sim ser um patético idiota. A grande sacada é como organizamos o conhecimento e produzimos o repertório, repertório este que não deve produzir apenas retórica, mas essencialmente vivência. Aplainar o abismo entre o saber e executar se faz necessário, portanto.🌹†

Amo a Deus. Como?

Não é que o perito da lei não soubesse a resposta, a pergunta é cretina justamente porque não apenas não tem a mínima intenção de cumprir como também já é sabedor da resposta, e quer colocar Jesus a prova; “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”. Respondeu Jesus: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22:36-40 NVI).  O que deixa a resposta interessante é o fato de Jesus atrelar os mandamentos de amar a Deus e o próximo na mesma resposta, sendo que foi interrogado a respeito do maior mandamento. Pelo simples fato de que é impossível amar a Deus se não for através do outro. Por isso em outra situação Ele diz "quando a um destes pequeninos fizer, a mim estará fazendo", ou por  outras palavras; não existe amor a Deus na abstração, só existe amo

Puritanos

No pós-reforma (protestante), o século XVII presenciou o nascimento do movimento extremamente rigorista; o puritanismo. Movimento de confissão calvinista que sonhava com uma Inglaterra cristianizada, portanto os cristãos tinham que abandonar os prazeres do mundo a fim de viverem unicamente para glória de Deus - omnia in majoren Dei gloriam.  O meio como o cristão negaria os prazeres do mundo se daria pela substituição pelos "prazeres espirituais" orientandos pela pregação puritana. Gerando, portanto, uma noção bastante distorcida de vida cristã, já que, o cristão passa a negar sua condição humana para buscar uma condição quase divina no modo de viver, e como não alcançamos ideais tão altos passamos a viver de forma hipócrita. Um monte de cristãos lindos, santos e felizes nas suas postagens do Facebook, entrementes, não passa de máscara/filtro. E os que sonhavam com uma sociedade cristianizada, acabaram com uma sociedade cristalizada🌹

Shemá Yisrael ("ouve ó Israel')

 Não foram raras as vezes em que Jesus foi sabatinado por homens experimentados na lei do antigo testamento, os doutores da lei, peritos nos escritos de Moisés.  Um destes mestres, dos fariseu, faz a seguinte pergunta; " Qual é o maior mandamento da lei?". Recebeu como resposta pungente de Jesus: "ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento" (Mateus 22.35-37).  Ao afirmar que o  amor deve ser "de todo coração e de toda a alma", está simplesmente querendo dizer que devemos amá-lo com tudo que existe em nós.  Agora, quando diz "de todo seu entendimento" a coisa fica interessante, já que nem todos têm o mesmo entendimento, muitos jamais sequer terão capacidade para entender muita coisa. Fica pressuposto, portanto, que o amor que Ele aceita é o amor segundo o entendimento de cada um. Então pare de perturbar a religião alheia e ame a Deus com o seu entendimento, mas deixe que os outros o amem segund

O espírito do capitalismo e a teologia da prosperidade

 Max Weber, sociólogo alemão do final do século XIX, estudou com profundidade as relações entre economia e religião, afirmou que o espírito do capitalismo moderno tem como seu fomentador a reforma protestante do século XVI, já que no entendimento do reformador João Calvino com a sua doutrina da predestinação, qual seja, Deus elegeu antes da fundação do mundo uns para a salvação eterna e outros para a perdição eterna. Inevitavelmente surge a preocupação e consequente pergunta; como saber se sou predestinado para a salvação?  Tem como resposta; o trabalho e o acúmulo de bens derivado dele, ou seja, se você estivesse prosperando seria sinal da benção divina, e, portanto sinal de salvação.  Ora, se a teologia calvinista da predestinação do século XVI contribuí para o nascimento do espírito do capitalismo moderno, também abre as portas para o que viríamos conhecer no final do século XIX como teologia da prosperidade, esta última tirou o resto de dignidade que a igreja tinha.  Portanto, três

"E quem é o meu próximo?...

 Na concepção de um judeu, somente os verdadeiros filhos de Abraão seriam capazes de agir com dignidade, ou seja, outro judeu. No entanto, na parábola do bom samaritano contada por Jesus fica claro que para agir com dignidade é preciso mais do que tradição religiosa, faz-se necessário apenas "ser humano". Por essa razão é que: “existem freiras que cuidam de orfanatos, padres que se entregam para cuidar de leprosos; pastores levando agasalho e comida aos moradores de rua; cientistas ateus ainda lutam para alcançar terapias contra o câncer, vacinas contra o vírus do HIV. Também terapeutas ainda se dedicam aos doentes mentais, ainda existem pais adotando filhos abandonados; mulheres visitando indigentes em hospitais públicos”. Agora, se você precisa da religião para ser bom, alguém já disse; "você não é bom, você é uma cão amestrado".🌹

"Não julgueis, para que não sejais julgados"

As pessoas julgam as outras em primeiro lugar porque acham que nunca cometerão "algo tão grave". Esquecem da assertiva cortante "quem não tem pecado que atire a primeira pedra". Depois, por achar que nunca erram, também não precisam ter piedade com quem tropeça. Entretanto, a vida é uma moeda de duas caras; "um dia da caça, outro dia do caçador". Não negligenciemos as palavras do Mestre: "são os misericordiosos que alcançaram misericórdia". Sem falar que tais pessoas se consideram superiores aos demais, se acham de outra qualidade. A estes eu lembrarei as palavras de Tiago; "Deus resiste aos soberbos; dá, porém graças aos humildes/humilhados".  Finalizo dizendo que aquele que julga, na verdade fala de si próprio, porque o que condeno no outro é o que invariavelmente acho amiúde nos esconderijos do meu ser. Portanto, se ninguém pediu sua opinião, fique quieto e deixe que cada um cuide da sua própria vida.🌹