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Se os teus olhos vêem...

 "Neste mundo a beleza é comum" assegurou Borges.  E como é que nossos olhos vêem essa beleza? Sim, é verdade que estou falando de outro modo de ver, aquele mesmo afirmando pelo carpinteiro de Nazaré;  "Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas". Portanto, não aquilo que vemos apenas, mas como vemos e importamos (trazemos para dentro) da alma é o que define nossa luz ou trevas no dia a dia. Olhos estes claramente não apenas que enxergam o basicamente visível, mas que notam a beleza oculta - revelada em tudo e em todos.

Quid es veritas ?

 Interrogado Jesus por Pilatos acerca do que seria a verdade, ele fica quieto e não dá resposta alguma.  Fico imaginando Jesus tentando explicar para Pilatos que a verdade não é uma coletânea de conceitos filosóficos, teológicos ou escolásticos, e sim uma pessoa.  Jesus é a própria verdade feita homem. Portanto, tudo que se possa saber da verdade, tudo que é verdadeiro e tudo que se possa vir da verdade vem Dele.

"Verdade no íntimo"

 É só a partir do conhecimento de quem eu sou na minha interioridade é que tenho a possibilidade de trabalhar minhas questões mais profundas.  Será que foi por isso que Deus disse "Abraão daí-me seu único filho?". Também Jesus quando nos convida a ser seus discípulos nos diz "negue a si mesmo". Querendo dizer que na negação do "si mesmo" ser  superficial, que é só uma casca , temos a possibilidade do eu verdadeiro vir a tona.  Não por acaso Davi, rei e salmista disse; "sei que procuras a verdade no íntimo".

Isaías 43

 "Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; e, quando você atravessar os rios, eles não o encobrirão. Quando você andar através do fogo, você não se queimará; as chamas não o deixarão em brasas". ( Livro do profeta Isaías 43:2).  O Pai nunca disse que nos daria uma carta de alforria dos problemas. Jamais prometeu uma  blindagem contra dores e muito menos  nos isentar de dificuldades. Entretanto, assegurou com todas as letras que estaria conosco e jamais nos deixaria.

Seria chamado Nazareno

 Seria chamado de Nazareno. Jesus ainda criança recém saído do Egito vai morar em uma aldeia chamada Nazaré. Porquê? Nazaré, cidadezinha insignificante, permeada por gente pobre-insignificante e sem expressividade nenhuma. Desse lugar vem o salvador também pobre. Os judeus esperavam um messias super ungido, todo poderoso que se tornasse um grande rei-politico e por fim desbancasse o poder romano. Só que vem de Nazaré um Nazareno querendo se identificar com aquilo que importa; gente pobre e insignificante.

Com o coração rasgado de dor

 Com o coração  rasgado pela dor já  há muito tempo, sem expectativas, sem esperanças, sem condições de crer. Um pai desesperado ouve a afirmação de que "tudo é possível ao que crê". Sem condições para tal só lhe sobra a bondade da graça absurda. Proferida então as palavras em meio a lágrimas; "ajuda me na minha incredulidade para que eu creia". Na impossibilidade do crer; quer crer contra a dor, contra a desesperança adiada. Nessa hora a graça absurda esmaga então as trevas que oprime seu filho.

Nas garras da graça

 Não raras vezes somos agarrados por forças maiores-inexplicáveis-favoráveis que nos tiram das ruínas, dos becos sem saídas que nos metemos. Somos puxados à força pela graça absurda-amorosa de um Pai cuidadoso. Ló quem o diga; "tendo ele hesitado, os homens o agarraram pela mão, como também a mulher e as duas filhas, e os tiraram dali à força e os deixaram fora da cidade, porque o Senhor teve misericórdia deles" Gn 19,16 ( destruição de Sodoma e Gomorra).

Eu quero ver

 Foi fazendo só o que poderia fazer um cego sentado a beira do caminho, mendigo, excluído pela sociedade pedindo esmolas que lhe ocorre fazer um outro pedido. Que eu veja, disse ele a Jesus. No que ganha como resposta; vê. A pergunta que fica e incisiva. Eu enxergo o que deveria ver? Você enxerga? 

Abra meus olhos para que eu veja

 A fonte de águas sempre esteve lá. Era Hagar cegada pelo cansaço-sofrimento-angustia quem não a via. O texto diz: "Então Deus lhe abriu os olhos, e ela viu uma fonte. Foi até lá, encheu de água a vasilha e deu de beber ao menino"( Gn 21.19). É impressionante como as frustrações-angustias-decepções da vida podem nos tornar insensíveis e até cegos. Tenhamos fé, pois, a Fonte d'água sempre estará alí, basta olhar e ver.