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O beija-flor

João Ferreira leite Luz (Contos) Conheci há muito, muito tempo atrás um homem e sua história - Antônio e o beija-flor. Devido às muitas decepções Antônio já não acreditava mais na felicidade, coisa, aliás, que conhecia muito pouco. Toninho como era chamado, foi um homem que viveu de cabeça baixa, sempre meio casmurro – calado e metido consigo. Seus olhos invariavelmente mirando o chão. O curioso na vida desse homem é que ele acreditava firmemente que o beija-flor era uma espécie de pássaro mágico ou celestial dotado de felicidade, sempre admirou seu bailar leve e ágil e elegante. Antônio tentou, tentou de novo e tentou uma outra vez, mas parece que a vida sempre lhe reservava a má sorte. Entretanto, um dia o beija-flor veio pousar em seu ombro, e um sorriso de canto de boca começou a surgir em seus lábios.

Confiança

João Ferreira Leite Luz (série casamento) Nenhum casamento terá sucesso se uma de suas bases principais não for à confiança mútua. A pior coisa no casamento é viver desconfiando, ou o contrário, viver sendo desconfiado. Esse tipo de casamento é a ante-sala do inferno, pois não há paz interior. A mente vive maquinando pensamentos a respeito do próximo. A falta de confiança no relacionamento pode miná-lo e por fim destruí-lo.

Caminho...

João Ferreira Leite Luz (devaneios) Caminho noite fria adentro, procuro um significado, um sentido ou pelo menos uma saída. Seria fácil demais tomar um atalho, queimar algumas etapas do percurso e pegar o caminho mais curto, e, às vezes, confesso, dá vontade. Entretanto, a vida não é tão simples assim. Já cantou o poeta “é chato chegar a um objetivo num instante”. Assim, continuo caminhando, sem saber ao certo o que fazer ou aonde chegar, só caminho noite fria adentro rumo a luz ou a escuridão. Não sei ao certo. Muito embora os trilhos nos levem sempre ao mesmo lugar, às vezes não conseguimos chegar onde queríamos. Mesmo assim insistimos em prosseguir. Só me resta plagiar as palavras do grande sábio; Esse estranho que mora no espelho Olha-me de um jeito De quem procura recordar quem sou...  ( Mário Quintana)

Santidade é...

João Ferreira Leite Luz (cogitações apenas) N ão sei o porquê que nós cristãos de confissão evangélica relacionamos a santidade apenas ao jejum e não a boa mesa. Acredito, entretanto que a mesma devoção que há no jejum, também pode existir na mesa farta rodiada pela família e amigos – regado com bom vinho. Lógico!

Apenas mais um peregrino

(Categoria – Reflexões) O todo da vida, ou ainda, o quadro maior da vida é composto de peregrinações. O tempo de vida ou de existência é composto por pequenas frações do tempo a que chamamos de momento, esse pequeníssimo e indeterminado espaço do tempo quando somado, temos o que chamamos em linguagem metafórica de tempo de peregrinação. Uma vez que segundo o Novo Dicionário Aurélio peregrinar é:- “viajar ou andar por terras distantes”.  Então entendemos que na vida, ainda não chegamos, estamos sempre a caminho. Enquanto não chegamos precisamos entender que a vida é cheia de pequenos momentos e precisamos viver um momento de cada vez, para não chegar ao fim da caminhada correndo o risco de não ter vivido o suficiente. Vejamos um trecho do poema instantes, atribuído a Jorge Luiz Borges (escritor argentino): Se eu pudesse viver novamente minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que t

Casamento – construção

João Ferreira Leite Luz (série casamento) Não importa tanto o dia da cerimônia do casamento, mas o dia-a-dia conjugal. O casamento não é feito por padres, pastores, rabinos ou por qualquer tipo de sacerdote. Estes são apenas meros facilitadores da cerimônia. Casamento é feito todo dia numa longa caminhada de compreensão mútua.

Sexta-feira à noite, vinho, amor e caneta

João Ferreira Leite Luz (Minha história) Termino mais uma taça de vinho... Escrevo meio “alto”, ou quase isso, alegre talvez... Como os boêmios, ando molhando as palavras... Então lá vai o que saiu: Significado. Ando a cata de sentido para a vida (talvez seja a idade), entretanto, nem sempre encontro já que a vida é meio... espere, muito sem sentido – “ a realidade é profunda e muito distante” já dizia o pensador da antiguidade. Fico sempre com o poema do grande mestre Fernando Pessoa engasgado na garganta, até parece que ele escreveu para mim: “Ficamos, pois, cada um entregue a si próprio, na desolação de se sentir viver. Um barco parece ser um objeto cujo fim é navegar; mas seu fim não é navegar, Senão chegar a um porto. Nós encontramo-nos navegando, sem a idéia do porto que deveríamos acolher. Reproduzimos assim, na espécie dolorosa, a fórmula aventureira dos argonautas: navegar é preciso, viver não é preciso” É, carrego uma pesada âncora nas costas

A trilha solitária acompanhada

João Ferreira leite Luz (Devaneios) Caminhávamos em direção a escuridão. A noite já ia alta e fria e negra. Éramos uns oito ou nove andando na direção do vento. Terminada a trilha estreita em meio à mata lúgubre apenas iluminada pela lua tímida, éramos apenas dois. Depois de caminhar tanto notei que estava só, já não andava mais em companhia dos fantasmas que habitam minha alma.

Trinta e cinco

João Ferreira Leite Luz (minha história) Cheguei ao trigésimo quinto andar do ano da vida e... O prédio já está começando a ficar meio alto. Portanto: Quero a partir de agora (e já estava na hora) deixar de ser especialista em irrelevâncias. Quero mirar objetivos simples. Preciso reaprender a cadência da sim-pli-ci-da-de! Quero viabilizar em minha própria vida o significado da palavra contentamento. Quero acatar o conselho do Nazareno e viver um dia de cada vez, um passo depois do outro. Quero aprender colher os milagres miúdos, já que o dia está repleto deles. Quero saborear momentos únicos com amigos, se possível sempre com um bom vinho. Quero amar intensamente meus filhos e minha mulher hoje, porque, segundo Renato Russo “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar na verdade não há”. Quero, por hoje, terminar solitariamente mais uma taça de vinho verde Via Latina – casta Loureiro, colheita 2010. E ouvir a músic