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Sonhos que inquietam

(Categoria – Minha história) S ubíamos pela Rua Vicente Fernandes Figueiredo. Estava eu, meu pai e minhas duas irmãs: Regina e Davina. Essa é a rua da casa da nossa mãe. Já faz seis meses que meu pai morreu e, na noite passada “ele veio me ver” novamente, ou melhor, “ele veio” me visitar no inconsciente. Outra vez sonhei com ele. Estávamos subindo na direção do centro da cidade, caminhávamos lentamente, pois ele um velhinho de oitenta e cinco anos não andava depressa. Como na vida real nos falávamos pouco, mas o fato de apenas estar na presença dele já era suficiente. De repente ele disse que não iria mais adiante, pensei que estava cansado e perguntei se queria ir de ônibus. Para minha surpresa ele disse que não iria mais adiante conosco, ou seja, estava nos deixando. Acordei às quatro da manhã com dor de cabeça e com esse sonho me inquietando a alma. Passei a considerar se no momento em que ele nos deixava representava quando nos deixou por ocasião da separação dele com minha mãe, ou

A manjedoura, o madeiro e o sepulcro vazio

(Categoria – Estudos) P ensar na obra que Jesus realizou, é pensar em uma obra completa. Jesus veio ao mundo com um objetivo bem definido; nasceu, viveu e morreu para que a humanidade tivesse livre acesso ao coração de Deus como Pai. Gostaria de nesta simples reflexão, falar um pouco sobre essa obra, dividindo-a na sua temática de maneira figurada. A manjedoura - encarnação do verbo, o madeiro - morte na cruz e o sepulcro vazio - a ressurreição. Que Deus me ajude! Vamos ao texto: A MANJEDOURA – encarnação do verbo. Evangelho de Lucas 2.7. A manjedoura, lugar em que os animais se alimentam. Tornou-se recipiente para o recém nascido Rei da Glória, como sinal de simplicidade e humildade. “A majestade assumiu a humildade. A força assumiu a fraqueza. A eternidade assumiu a mortalidade. A natureza inviolável uniu-se a natureza que pode sofrer. Invisível na sua própria natureza tornou-se visível na nossa. Ele que é incompreensível tornou-se compreendido. Anterior aos tempos começou a existir

Rabiscando algumas idéias sobre a chamada maldição "hereditária"

(Categoria – Reflexões) N ão pretendo com que vou escrever ser dogmático ou absolutista, muito menos senhor da verdade. No entanto, gostaria de sugerir algumas idéias e perguntas para repensarmos a chamada “doutrina da maldição hereditária, ou maldição familiar”. A maldição hereditária como é proposta por alguns grupos neopentecostais, não está anulando a soberania de Deus, visto que o coloca numa posição de impotência diante das maldições transferidas automaticamente aos filhos inocentes de pais pecadores? A maldição hereditária não anula o livre-arbítrio? Pois herdamos automaticamente os pecados de nossos antepassados sem, todavia ter o direito de escolha. Então não seríamos meras marionetes nas mãos de um deus manhoso? Se for verdade que temos que “quebrar” verbalmente os elos que nos ligam aos pecados de nossos antepassados para vivermos isentos de maldições. Então se toda a nossa ascendência está amaldiçoada teríamos que regredir ad infinitum até o pecado de Adão? E o pecado de

O tanque e a"Betesda"

(Categoria - Reflexões semi-roubadas) Evangelho de João 5.1-15 A cidade de Jerusalém sempre foi muito importante por ser considerada à cidade sagrada. Por judeus, cristãos e muçulmanos. Nessa cidade havia uma fonte de água que ficava próximo da “porta das ovelhas”, ou seja, próximo a um mercado de animais. Talvez por essa cidade, ser reconhecida como sagrada, e, portanto, mística. Nasceu a história de que essa fonte possuía águas miraculosas. Dizia-se que um anjo vinha do céu uma vez por ano, agitava as águas e o primeiro doente que mergulhasse, seria curado. Muitas pessoas se aglomeravam aguardando um milagre. Na verdade uma multidão de pessoas inválidas: cegos mancos e paralíticos. Foi construído nessa fonte um pavilhão para abrigar tanta gente, este possuía um alpendre com cinco pavimentos. O lugar foi denominado, ironicamente, de Betesda – que em hebraico significa “casa de misericórdia”. “Conta-se que muitas famílias, para se verem livres dos doentes, os abandonavam nos alpendres

Desilusões

(Categoria - Reflexões) J á me decepcionei com quase tudo e quase todos. Já desisti de um cristianismo inusitado e triunfalista, cheio de arroubos bombásticos. Já me decepcionei, inclusive comigo mesmo. Devido as minhas muitas desilusões e inquietações venho ultimamente escrevendo alguns textos recheados de um realismo que beira até o pessimismo (para alguns). Ao escrever não busco ser popular como a maioria dos pastores que se aventuram na arte da escrita. Escrevo porque adoro dar forma ao pensamento, aliás, com os textos que venho rabiscando sei que não teria a mínima condição de alcançar a popularidade, pois são sofríveis do ponto de vista literário, o meu português chega a ser risível aos gramáticos, minha redação é paupérrima e para ajudar eu nunca escrevo aquilo que é popular e agrade as pessoas. A impressão que dá é que só ando na contramão, na sintonia inversa. Só não cesso de escrever porque as inquietações dos meus pensamentos não me deixam em paz, e, também acredito que esta

Fé, moeda de aquisição

(Categoria - Reflexões) O evangelho não é mais um produto ou bem de consumo. Infelizmente muitas igrejas cristãs têm sucumbido à tentação de comercializar os benefícios da fé, em detrimento do anúncio do conteúdo do evangelho, da fé apostólica, do cristianismo histórico e dos fundamentos teológicos ortodoxos. Essa religiosidade patética vivida na pós – modernidade não representa o leito principal do cristianismo bíblico. Pois, a mensagem do evangelho não se restringe a meros benefícios passageiros. Precisamos com urgência repensar nossa espiritualidade aprofundando nossas raízes teológicas sob uma perspectiva mais humana. Porquanto, cristianismo lida essencialmente com valores de vida, ou seja, o evangelho busca responder nossas questões mais profundas, e não simplesmente atender nossas necessidades mais imediatas. A fé, antes de ser o meio pelo qual conseguimos a bênção divina, deveria ser o meio pelo qual alcançamos o coração do próprio Deus. Porque se no exercício da oração, subent

Fazendo com que nosso cotidiano valha a pena, e as coisas triviais da vida se transformem em milagres

(Categoria - Reflexões) O nde está a vida abundante que Jesus prometeu? Penso que essa seja a pergunta mais crucial, mais encurraladora que os cristãos modernos devem se fazer. Vivemos uma igreja que promete bênçãos como se fossem produtos num mercado de atacado, as campanhas de prosperidade, saúde e sucesso se multiplicam velozmente na tentativa de viabilizar a promessa de Jesus de que teríamos vida abundante. No entanto, a igreja vive uma de suas piores crises; a de significado, crise existencial, simplesmente as pessoas estão lotando nossos templos, mas, ainda carecem de uma vida com significado. Gostaria de afirmar alguns postulados impopulares, correndo até o risco de ser considerado cético e crítico. Todavia, me arriscarei expondo algumas de minhas inquietações pessoais. Vamos lá: Talvez, o grande segredo da vida não consista em viver coisas grandiosas sempre, mas em aprender a desfrutar das coisas simples e pequenas do cotidiano. Como ter um amigo, nem que seja um pecador como Z

Paulo, não o apóstolo

(Categoria - Minha história) P aulo, meu irmão não é o apóstolo dos gentios. Mesmo assim é um grande homem, tanto quanto foi o outro, na verdade para mim é um herói, como todo menino que é criado sem pai e que cresce na pobreza e que com uma motivação única esse menino cresce, luta na vida e começa a conquistar seu espaço, chegando a ser o único na família com curso universitário. Sem mencionar que possui uma mente brilhante, entende de gramática como se fosse um professor de português. Um policial militar exemplar, bom marido, pai digno. Um bom homem, caráter integro. Sou fã de pessoas simples e comuns, meus heróis favoritos são homens do tipo desse aí, Paulo Leite é o nome de um deles, um cara fantástico e que é uma inspiração para minha vida. Uma espécie de pai (muito embora ele não goste que se refira a ele assim), mais foi exatamente esse o papel que ele desempenhou. Ajudando a minha mãe (que é outra heroína, mas essa história eu conto em outro texto), a nos criar e educar, eu e m

Duplamente órfão

(Categoria - Minha história) D omingo dia 11 de maio de 2008, eu esperava dormir um pouco até mais tarde, lá pelas 7 horas da manhã a campainha tocou e eu relutei por atender, achei um insulto uma pessoa tocar a campainha da casa de alguém às 7 da manhã de um domingo frio de outono. No entanto como a pessoa insistiu, resolvi levantar e atender. Para minha total surpresa era minha irmã mais velha que estava no portão com a notícia do falecimento do meu pai. Neste dia eu estava me tornando duplamente órfão. Minha primeira orfandade foi quando meu pai se separou da minha mãe. Então passei a viver sem a presença daquele que eu julgava o melhor pai do mundo, todavia, cresci, e agora estou me tornando órfão pela segunda vez. Neste mesmo dia viajamos para Marília, pois o sepultamento seria lá. Quando chegamos ao velório, e vi meu pai ali deitado naquele caixão. As poucas lembranças da minha infância junto com ele vieram à tona e não resisti, tentei dar um de durão, mas chorei, feito criança a

Memória, nuanças e percepções

(Categoria - Minha história) “A morte é de certa maneira uma impossibilidade, que de repente se torna realidade”. Goete - Poeta alemão C oincidentemente ou não. Ontem passei por dois cortejos fúnebres, automaticamente me lembrei de quatro meses atrás em que eu acompanhava o cortejo do funeral do meu pai, a partir desse momento abaixei a cabeça em sinal de reverência e segui meu caminho. É interessante como a vida muda à medida que envelhecemos. A morte de alguém nunca tinha me causado dor, aliás, nunca me incomodei por passar perto de um funeral até o dia em que perdi meu pai, daí comecei a considerar a possibilidade da morte das pessoas que amo. Passei a refletir sobre a morte não apenas como conceito, mas como a verdade mais inexorável que existe. Portanto, começo mudar meus valores a respeito da vida. Pretendo valorizar cada momento, porque cada momento é único, não se repete. Não se vive duas vezes identicamente a mesma experiência. Quero passar mais tempo com minha mãe e ouvir sua