Cogitações Apenas

 Jesus incitou a pescadores e lavradores e prostitutas que chamassem Deus de pai. Esse judeu rebelde do primeiro século estava plantando no solo da alma humana a ideia de um amor universal, por conseguinte, ama a todos indistintamente. (PB)

 No primeiro século na sociedade em que Jesus viveu um homem não conversava em público com mulheres, um rabi não permitia que fizessem parte do seu grupo, um homem "santo" não deixava que elas o tocassem. Jesus, contudo, fazia indiscriminadamente esse tipo de coisas, tratando mulheres como se fossem gente milênios antes que a ideia ganhasse qualquer popularidade. (PB)

 Ao proteger a mulher apanhada em adultério de seus algozes masculinos, Jesus chegou a relativizar a própria letra da lei, argumentando basicamente que a universidade do pecado deveria produzir não uma demanda universal por uma justiça estrita que ninguém é capaz de honrar, mas uma postura universal de misericórdia. (PB)

 Oriento minha vida em outra direção. Deixei para  trás o direito de ter razão; busco a paz com todos. Abandonei à busca de reconhecimentos; o que faço, faço por eu mesmo. Não quero ser melhor do que ninguém; passei, aliás, a considerar os outros superiores a mim mesmo. Nego diariamente o eu superficial, busco sentido no eu interior, mais profundo e portanto mais verdadeiro do que a casca me disfarça.

 O anúncio verbal do evangelho não deixa de ser importante, contudo, para Jesus a vivência, ou seja, a encarnação do evangelho pelo indivíduo é o que pressupõe não apenas o entendimento como também a própria implantação do reino de Deus entre os humanos. Por conseguinte, para Jesus é necessário pessoas dispostas a praticar o aparentemente impraticável do que um discurso vazio.

 É significativo notar que no encontro entre Jesus e a mulher adúltera Ele não tenha dito que a perdoava, mas sim, que não a condenava. Isso, porque, em alinhamento com a Escritura que diz que "O cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo" nos introduz ao tema de que já nascemos sob o signo do perdão. Então porque já perdoou, diz também "não te condeno".

 "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu" diz o livro de eclesiastes, considerado pelos judeus como livro de sabedoria.  O grande sábio e  rei judeu da antiguidade, Salomão percebeu o que muitos relutam por aprender. Que na vida somos construídos a partir da capacidade que temos de discernir cada tempo no qual estamos inseridos, e fazermos as pazes com cada tempo vivido-experienciado.

 Nas palavras jamais caberão o sentimento de gratidão, aliás, as palavras podem dissimular várias coisas. Postura; são através das atitudes que verificamos quanto uma pessoa é grata diante das pessoas, diante da vida e diante de Deus.

 A acusação de que "este homem recebe pecadores e come com eles" recaída sobre Jesus já denunciava seu apreço pela companhia de gente, gente humana.

 O Natal se tornou ao longo da história um dia bastante icônico e carregado de significado principalmente no lado ocidental da terra. Celebra-se o nascimento de Jesus Cristo, e, esse seu nascimento aponta também para que nasceu, senão para morrer pela humanidade como defendido pela cristandade. Talvez o que poucos saibam é que esse nascimento e morte foi feito no espaço-tempo para que nossa compreensão finita podesse assimilar tal feito, contudo, segundo a própria Escritura (bíblia) é afirmado que o Cordeiro de Deus (Jesus) já havia sido imolado antes da fundação do mundo. Portanto, antes de tudo houve uma cruz. Nesse sentido se a partir de Adão nascemos debaixo do pecado, também já nascemos sobre o signo do perdão. Visto que antes em Jesus tudo foi feito e consumado. Feliz Natal.

 Luz apagada, sal sem gosto seria o que Jesus diria dessa palhaçada que a modernidade anda chamando de cristianismo. Trágico...

 A vida é uma escola em que temos a possibilidade de aprender, ou não.Há aqueles de nós que passam por toda uma vida no jardim da infância. Portanto, não perca a sensibilidade, não se embruteça a tal ponto de ser tosco diante das lições mais importantes. Que Deus me dê sabedoria suficiente para aprender até o último suspiro da minha vida.

 "Imbrochável". Fico pensando no que isso significa de verdade na cabeça de um presidente da República para ser dito em público em uma data de tamanha importância para o Brasil. Suspeito de suas faculdades mentais e consequente compreensão das coisas. E não me resta dúvidas de que alguém que tem a necessidade de propagandear sua própria virilidade, tem naturalmente problemas com ela.

 Silas Malafaia ao participar de entrevista a revista Veja diz o seguinte sobre ideologia de gênero: "Os cristãos devem apoiar valores, muito mais do que pessoas". Acredito que por esse tipo de raciocínio é que aquele sacerdote passou bem longe do moribundo caído no caminho entre Jerusalém e Jericó. Pois o sacerdote religioso tinha muitos valores a serem defendidos enquanto o seu próximo precisava de ajuda. Jesus nunca colocou valores acima da vida humana, aliás, entregou sua própria vida para que todos tivessem acesso ao Pai independentemente da ideologia de gênero.

 Numa de suas cartas Paulo, apóstolo quando escreve aos cristãos de Roma ele diz que "a tribulação produz perseverança". Ou em outras palavras, são as situações ruins que nos fazem continuar tentando, nos torna tenazes. Ou seja, a força motriz que nos impulsiona a levantar corajosamente todos os dias de manhã e encarar de frente a feiúra, dureza e injustiças da vida é a capacidade de perseverar-insistir-teimosamente. E a perseverança por sua vez vem do embate diário. Pois sem luta não se faz campeão.

 "Por seus frutos os conhecereis" foi o que Jesus falou sobre quem somos de fato. Independentemente de quem queremos aparentar ser, ou da ideia que passamos de quem nós somos. Somos quem somos, mesmo que falem outras coisas a nosso respeito, aliás, somos quem somos independente inclusive do que falamos de nós mesmos. Portanto, são nossas atitudes (frutos na psicologia bíblica) quem denunciam quem somos nós embaixo da máscara.

 O quarto mandamento sugere que os pais devem ser tratados com respeito, distinção e acima de tudo serem amparados em sua velhice. O que me espanta é perceber que faço parte de uma geração de religiosos que necessitam mesmo de um mandamento para honrar os pais, o que ao meu ver, deveria ser o movimento com que se age na maior naturalidade os filhos. Que lástima, necessitar que um sacerdote fique esbravejando tal necessidade óbvia.

 Depois da Páscoa muitos não se lembrarão do que aconteceu nesse dia. Sem falar aqueles que não se lembraram nem no dia, e ainda, aqueles que, sequer sabem o que se comemora neste dia, acreditam mesmo que é dia do ovo da páscoa. Contudo estou falando mesmo dos ditos cristãos que guardarão para a próxima páscoa para se lembrarem pifiamente que se trata da ressurreição. Enquanto isso no coração dos simples e pequeninos Cristo ressurge todos os dias.

 Domingo ainda de madrugada as mulheres foram ao túmulo para limpar o corpo com unguentos aromáticos como era o costume. O morto já não estava mais lá. A ressurreição de Jesus não apenas deixou o túmulo vazio como alvoroçou os sacerdotes e líderes romanos. E, acima de tudo reacendeu a chama fria e apagada do sábado, chama esta que arde como sol do meio dia em meu coração.

 O hiato criado pelo sábado entre a morte e a ressurreição de Jesus gera uma tristeza profunda e sem igual nos seus seguidores. O dia que antecedeu a páscoa foi de agonia e desespero e desesperança, já que os discípulos não haviam entendido muito bem a conversa sobre ressurreição e a luz que ilumina todos agora está sepultada.