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Uma pergunta assombrosa

João Ferreira Leite Luz

(Estudos)

“Quem vocês dizem que eu sou?”.
Jesus Cristo (Mateus 16.15)

A pessoa de Jesus sempre gerou muitas controvérsias. O Mestre ao caminhar pelas ruas poeirentas da Judéia trouxe uma questão muito intrigante – quem era Jesus?
Talvez pelo fato de o Cristo ter vindo num período peculiar da história dos judeus em que eles esperavam um messias poderoso e implacável, e também por haver um certo mistério acerca de sua pessoa. Notem a complexidade que envolvia sua natureza que às vezes era marcada em seus muitos aspectos intensamente humana, porém, e ao mesmo tempo, era assinalada por características singulares da divindade.
Portanto, era de certa forma natural que se gerassem tantas dúvidas quanto à verdadeira identidade de Jesus.
O próprio João Batista, primo e precursor de Jesus, sentiu a necessidade de perguntar: “és tu aquele que estava para vir, ou havemos de esperar outro?” (Mt. 11.3). E ele mesmo já havia afirmado anteriormente – “eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo. 1.29).
Veja a perplexidade que Jesus causou em seus discípulos a ponto de perguntarem: “Quem é este que até os ventos e mar lhe obedecem?” (Lc. 5.21).
Os fariseus e mestres da lei também indagaram sobre a pessoa de Jesus e sua autoridade: “Quem é este que blasfema? Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?” (Lc 5.21) – grifo meu.
Tentar responder quem foi, ou quem é Jesus se constitui tarefa impossível, os concílios tentaram definir a natureza do Cristo (natureza teantrópica – divino-humano), os teólogos sistematizaram a teologia e a matéria que estuda sua pessoa chamada de cristologia se mostra ineficaz ao tentar responder todas as perguntas.
Ora, quem é este? Quem é Jesus ainda hoje é a pergunta mais inquietante, entretanto, acredito em uma outra possível leitura dessa pergunta.
Na cultura judaica o nome de uma pessoa não era apenas o modo como às outras pessoas lhe chamariam, mas principalmente uma revelação de quem a pessoa era.
Veja a resposta de Pedro: “Tu és o Cristo do Deus vivo” (Mt. 16.16). Pedro diz que Jesus é o Cristo, ou seja, o ungido, ou ainda, enviado de Deus (Cristo em grego e Messias em hebraico). O nome de Jesus não apenas revela quem ele é, mas o que veio fazer – Jesus (Salvador), Cristo (Ungido, enviado de Deus), juntando tudo: Salvador ungido/enviado de Deus.
Outro exemplo para que você entenda a importância do nome entre os judeus: Quando o anjo pergunta a Jacó qual é o seu nome, ele não está perguntando como Jacó se chama, e sim quem Jacó era de fato (Gn 32. 27-28).
Então a pergunta “quem vocês dizem que eu sou?”. Traz em seu bojo mais implicações do que podemos imaginar, intuir e teologar. Porque a pergunta quem sou? Não é apenas quem sou? E, sim, possivelmente Jesus estava perguntando: o que eu represento para vocês? O que causa a minha vida entre vocês? Que impressão vocês têm de mim?
A identidade de Jesus revela mais do que uma pessoa. Jesus traz consigo todo um legado de valores e princípios.
E nós que dizemos quem ele é? Ou o que ele é para nós?

Que Deus nos ajude!





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