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Por onde começar a caminhada com Deus?

O Gênesis em sermões expositivos

Texto: Gênesis 37

Para alcançarmos os sonhos de Deus para nossas vidas temos que percorrer uma grande jornada, que tem como ponto de partida nossa imaturidade.
Ninguém já começa pronto, todos nós quando iniciamos a caminhada cristã começamos pela senda da imaturidade.
Eu pessoalmente já sofri, e para ser sincero ainda sofro tentado impor a mim mesmo uma maturidade que está reservada aos mais velhos. Só o tempo e a experiência me trarão amadurecimento.
A partir desse texto vamos perceber que José o grande homem maduro tanto nas coisas espirituais quanto administrativas, começou como nós, pela senda da imaturidade.

1. José também começou exatamente como nós. Cheio de defeitos a serem trabalhados Vv 2-11.
Vejamos quem foi José, seu relacionamento com seu pai, e seus irmãos:

A) José o jovem delator V2.
Parece-me que José por ser jovem e imaturo era dado a tagarelar, sobretudo acerca dos filhos menos favorecidos de Bila e Zilpa – concubinas de seu pai (V2). Isso fica claro quando percebemos que são os filhos de Lia que tentam livrar José da morte cf. Vv 21-26-27.
Logo:
A fofoca, a intriga; o disse me disse é pertinente aos imaturos e nunca deveria fazer parte da vida daqueles que há algum tempo caminham com Deus.

B) José o filho predileto V3.
Por ser José o filho da sua velhice e também por ser o filho da mulher preferida, Jacó tinha uma propensão maior por este filho.
É curioso que Jacó aprendeu dentro de casa com os próprios pais a fazer distinção entre os filhos. Pois ele próprio era o predileto da sua mãe cf. Gn 25.28.
A túnica longa ou de diversas cores de José era para distingui-lo dos demais, uma vez que as túnicas de seus irmãos eram comuns. Imaginem o contraste, José com uma vestimenta de gala toda colorida e os outros com roupas simples de uma única cor.
Segundo o dicionário de John Davis eram os jovens de boa sociedade que se vestiam assim. Na nossa linguagem – os filhinhos de papai.

Se quisermos ser genuínos discípulos de Jesus devemos aprender a não fazer distinção entre as pessoas.
Os pais devem devotar o mesmo amor e cuidados a todos os filhos sem distinção.
Os pastores e líderes precisam aprender a considerar a todos da mesma maneira cf. Tiago 2.1-9 e Atos 10.34-35.

C) José o jovem sonhador imaturo Vv 5-11.
Os sonhos de José de fato vinham de Deus, para revelar sua vontade e fortalecer sua fé para o espinhoso futuro, e não para ser motivo de exaltação sobre seus irmãos.
Parece-me que José ao contar seus sonhos para seus irmãos tinha uma ponta de arrogância cf. V8.
Essa imaturidade de José é logicamente compreensível, pois um jovem de apenas 17 anos, sonhando os sonhos que Deus lhe dava, era impossível não ser folgado. Pela sua própria imaturidade.
Notem a atitude de José que ao contar o primeiro sonho sabia que estava atraindo a raiva de seus irmãos, entretanto continuava contando os sonhos, e, possivelmente dando a interpretação V8.

Todos nós que temos um chamado de Deus para uma grande obra, para um grande projeto. Também aqueles que pregam e sabem que seus ministérios têm atraído e conquistado pessoas. Devem tomar cuidados para não começar a se acharem superiores aos demais.
José contou seus sonhos precipitadamente, se colocando acima dos seus irmãos antes do tempo e pagou um alto preço por isso.

2. A vida e suas circunstâncias conspiram para impedir que os sonhos de Deus se cumpram em nós. Vv 12-36.
 Os irmãos de José queriam matá-lo, e também aos seus sonhos. O novo testamento diz que eles fizeram isso movido por inveja. Atos 7.9.

A) Conspiraram contra a vida dele, premeditando matá-lo V18.   
Arquitetaram até a desculpa para abafar o desaparecimento de José V20 e 31-32.
Existe uma grande diferença entre o pecado que acontece por “erro de percurso”, e o pecado premeditado – aquele que é pensado antes, planejado em seus mínimos detalhes.
O crime premeditado é inclusive considerado como crime hediondo (repugnante, sórdido) e consequentemente têm maior pena. Então nesse sentido o pecado premeditado tem maiores conseqüências.
Temos um exemplo na bíblia em que Deus demonstra como o pecado pensado e arquitetado têm conseqüências funestas. O protagonista dessa história foi o próprio rei Davi, no episódio com Bete–Seba e seu marido Urias o Heteu (II Samuel Caps. 11 e 12).

B) Eles não queriam apenas matar ao José, mas, principalmente os seus sonhos V20.
Os sonhos de José inquietavam seus irmãos porque o colocava em uma posição acima deles, e também porque possivelmente intuíam que esses sonhos vinham do próprio Deus.

Quando se sonha os grandes sonhos de Deus, inquietam-se os invejosos.
“Lá vem aquele sonhador” V19. Eu gosto de uma tradução antiga que diz “Eis lá vem o sonhador-mor” – o chefe dos sonhadores, o grande sonhador.
Os sonhos de Deus para minha vida não podem ser destruídos por homem algum.
Os sonhos de Sadraque, Mesaque e Abede – Nego não puderam ser queimados pelo fogo da fornalha aquecida sete vezes mais.
Os sonhos de Daniel não puderam ser devorados pelos leões famintos.
Os sonhos de Martin Luther King Jr. não puderam ser silenciados por uma bala assassina, pois o grito que ele proclamou: “I have a dream” – “eu tenho um sonho” ecoa até hoje.
Os sonhos de Jesus não puderam ser sepultados naquele túmulo gelado, pois depois de três dias ele ressuscitou e está aqui ao nosso lado para nos fazer sonhar, pois “os sonhos são a semente da realidade”.

C) No meio da noite escura sempre haverá um lampeje de luz e esperança Vv21-27.
Aqui a esperança e misericórdia estão representadas nas atitudes tanto de Rúben quanto de Judá, pois os demais irmãos estavam determinados a matá-lo.

Sempre existirá alguém disposto para nossa ajudar a carregar nossa cruz.
Na hora mais difícil da vida de Jesus, existiu um Simão Cireneu para lhe ajudar a carregar a pesada cruz.
Nenhuma situação é tão difícil que não haja uma fagulha de esperança. Na maioria das vezes estamos esperando o grande milagre, o grande livramento, e Deus está aqui bem pertinho nos ajudando nos pequenos detalhes.

Talvez José estivesse esperando um grande livramento, entretanto, foi apenas vendido como escravo para ser levado ao Egito.

D) Não podemos permitir que nossa ambição e inveja (que é pecado) corrompam nosso relacionamento com o próximo, chegando ao ponto de vê-lo apenas como mercadoria.
 A inveja dos irmãos de José fez com que eles o vendessem como mera mercadoria.

Isso acontece com muita freqüência no casamento, em que nos esquecemos que somos presentes frágeis feitos um para o outro, e começamos a ver o cônjuge como mercadoria a ser utilizada.

Nas igrejas, pastores começam a ver seus obreiros como meros empregados para alavancar seus ministérios. Suas ovelhas passam a serem vistas como comércio de Almas que lhes renda beneficio e sucesso.
Antes de qualquer coisa deve ser dito que somos pessoas, somos indivíduos, com toda a complexidade do que significa ser individuo, portanto, devemos nos considerar como irmãos no sentido mais pleno da palavra irmandade, sem a canga da religiosidade que nos ensina a chamar de irmão aqueles que nós não estamos nem aí para sorte deles.
Devemos nos relacionar como pessoas únicas, e não como objetos para progredirmos na vida.
“Todos podem ser substituídos naquilo que fazem, mas ninguém é substituído naquilo que é”. RG

João Ferreira Leite Luz

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