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“Amaldiçoe a Deus, e morra”

Estudos

Já fui imprudente e leviano ao afirmar que a mulher de Jó foi uma víbora que só fazia aumentar seu sofrimento, porque diante da fé que ostentava o marido, como ela podia dar tal conselho? (“amaldiçoe a Deus e morra”).
Entretanto, hoje, depois de refletir melhor, depois de viver mais experiências com o drama do sofrimento e ponderar acerca dos tormentos que nos sobrevêm, acredito ser possível uma outra leitura do texto.
A mulher de Jó, se pensarmos bem, sofreu tanto quanto ele, já que também perdeu toda riqueza e prestigio, também de maneira trágica perdeu dez filhos. E como agravante lhe ficou um marido doente, possivelmente com alguma variação de lepra. Talvez, por ver Jó um homem que ela conhecia bem, por ser sabedora de sua integridade, e vendo o estado deplorável que seu marido vivia. Num momento de desespero e aflição achou que a melhor solução seria amaldiçoar a Deus, e como se acreditava naquela época Deus o mataria.
A mulher de Jó acreditou que a morte seria o melhor remédio, remédio este que o próprio Jó desejou tomar, como se vê em suas declarações. A única diferença são os caminhos que tomaram, já que Jó tinha a esperança de que Deus o levaria (mataria) ao ver seu sofrimento sem causa. A mulher de Jó, no entanto não vendo resultado, e nem remédio achou que o melhor mesmo era amaldiçoar a Deus, e como castigo morrer.
Crucificamos a mulher de Jó, entretanto, quantas vezes nós num momento de extremo desespero e dor chegamos às raias de amaldiçoar o Criador, se não o fazemos com palavras, muitas vezes o fazemos com atitudes.
Uma coisa eu admiro na mulher de Jó, ela tem coragem o suficiente para admitir suas dores, e num momento de grande tragédia rasgar seu coração diante de Deus e dos homens.

Que Deus nos ajude!
João Ferreira Leite Luz

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