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Uma mineira chamada Maria

(Categoria – Minha história)

De repente todos olharam, era uma jovem senhora de pequena estatura, magra, olhos acinzentados e tristes. Tinha a aparência de que já não comia há vários dias, trazia consigo quatro pequenas crianças todas famintas. Vinham de Minas Gerais e estavam na estação de trem em S.Paulo, sem rumo certo, sem destino, sem dinheiro. Àquela pequena mulher trazia consigo apenas a dignidade e o desejo de criar seus filhos, e, que já cresciam sem a presença paterna.
Maria, não a mãe de Jesus, mas com certeza uma grande santa, ou melhor, uma grande Heroína (com H maiúsculo).
Maria Natalícia Leite, 70 anos de idade. Nascida na cidade de Montes Claros no estado de Minas Gerais. Na verdade são 70 anos de muitas lutas; muito sofrimento, muita necessidade e pouca alegria.
Minha mãe a semelhança do sertanejo descrito por Euclides da Cunha, também é um forte.
Criou seus oito filhos com muita dificuldade, muita luta. Nunca frequentou uma escola, ou como diz a letra da música dos Titãs (Marvin) “... meu pai (mãe no meu caso) não tinha educação, ainda me lembro era um grande coração ganhava a vida com muito suor...”. Todavia nos ensinou a tratar todos com dignidade, respeito e honra.
Quando ouso rabiscar algumas palavras sobre minha mãe, sinto que sempre serei inadequado para descrever alguém de tamanha envergadura. Gente de uma bravura singular, que se comparado a mim, sou apenas mais um medíocre.
Quando adolescente já cheguei a me envergonhar da minha mãe por ela ir à escola para resolver minhas brigas e todo mundo ficava zombando de mim. Hoje, todavia, sinto orgulho de ser filho de uma guerreira com qualidades tão únicas.
A partir desse momento me fogem as palavras, letras; substantivos, também me fogem a ordem cronológica das lembranças. São tantas coisas para narrar que decidi ir contando a história aos poucos, como conta gotas. Por hoje basta.

João Ferreira Leite luz

Comentários

Alfredo Rangel disse…
João

Antes de mais nada obrigado por tua visita. É uma honra recebê-lo no meu pedacinho.
Queria cumprimentar Dona Maria, esta guerreira, fabulosa. Sei bem do que vc está falando porque também tive a minha Dona Maria, falecida no ano passado, que também enfrentou a vida com 6 filhos, viúva quando o mais velho, eu, tinha 14 anos.
Vou acompanhar tudo o que vc contar sobre ea. Tenho certeza que ela foi um exemplo de dignidade, de força, de coragem, u tanto raros no dia de hoje. João, é um prazer poder compartilhar de sua amizade.

Um abraço
Alfredo Rangel disse…
Ia me esquecendo. Linkei teu repensandoconceitos no meu almatua.
Obrigado por tudo.

Rangel
João Ferreira Leite luz ,
gostei de ler você, voltarei mais vezes,
Efigênia Coutinho