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Apenas mais um peregrino

(Categoria – Reflexões)

O todo da vida, ou ainda, o quadro maior da vida é composto de peregrinações. O tempo de vida ou de existência é composto por pequenas frações do tempo a que chamamos de momento, esse pequeníssimo e indeterminado espaço do tempo quando somado, temos o que chamamos em linguagem metafórica de tempo de peregrinação. Uma vez que segundo o Novo Dicionário Aurélio peregrinar é:- “viajar ou andar por terras distantes”.
Então entendemos que na vida, ainda não chegamos, estamos sempre a caminho.
Enquanto não chegamos precisamos entender que a vida é cheia de pequenos momentos e precisamos viver um momento de cada vez, para não chegar ao fim da caminhada correndo o risco de não ter vivido o suficiente. Vejamos um trecho do poema instantes, atribuído a Jorge Luiz Borges (escritor argentino):

Se eu pudesse viver novamente minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido,
na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais,
contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas,
nadaria mais rios, Iria mais a lugares aonde nunca fui
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e produtivamente cada minuto da sua vida;
claro que tive apenas momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida,
Só de momentos, não percam o agora.

A grande pergunta então deve ser a seguinte:- A nossa peregrinação aqui na terra nesse tempo de vida tem sido marcada por quais valores?
O que diremos nós quando estiver findando o tempo de nossa peregrinação? Diremos que valeu a pena, e que se fosse possível viveríamos tudo outra vez? Ou, chegaremos ao entardecer da vida com a sensação amarga de que nossa peregrinação não valeu a pena, pois ela foi quase que na sua totalidade marcada por amarguras, e na verdade não víamos a hora de partimos daqui para o “descanso” eterno?
Portanto, devemos caminhar com a noção que estamos aqui de passagem, de que a vida é efêmera, passageira e transitória. Devemos então caminhar com o objetivo de “acumular tesouros no céu”, ou seja, tudo o que fazemos aqui de alguma maneira tem sua projeção no céu.
Gosto de uma frase que ocorre no filme Gladiador, de Ridley Scott. Em que o protagonista Maximus, personagem de Russell Crowe, diz mais ou menos assim:
Caso algum dos senhores se perceba cavalgando em uma serena campina no mais belo pôr- do- sol, não se assuste, você morreu e está no Elíseos.
_O que fazemos na vida ecoa na eternidade.

A nossa caminhada só faz sentido quando a peregrinação não é solitária.
Acredito que felizes são aqueles que não optam por caminhar sozinho. Penso que a vida só é bonita quando possuímos amigos de verdade, ou como bem expressou cantando Roberto Carlos e Simoni:- “na vida é tão bom ter amigos, amigos de fé, irmão camarada, assim como eu e você, amigos”.
Ou como cantou o trio- Toquinho, Sândi e Junior:- “pra gente ser feliz têm que cultivar as amizades, ser amigo de verdade”. E isso que quero para minha vida!
Nas palavras do grande sábio Salomão é bom ter amigos, pois quando caímos, eles nos ajudam a levantar.
“È melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas”.
“Se uma cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!” (Ec 4.9-10).
“O cristão é um peregrino que caminha em comunhão. O cristianismo é a trilha da intimidade com Deus e com o próximo”. Ed René Kivitz.
Coisa boa é ter um amigo para sentar e conversar e beber um bom vinho sem se preocupar com a hora.

A caminhada só é bacana quando criamos vínculos familiares
Bom na vida é saber viver de bem com a família, curtir a mulher e os filhos. Pois a maior parte da vida se desenvolve no meio familiar
Uma das artes mais difíceis na atualidade consiste em desfrutar de todas as potencialidades do casamento e da família, pois estamos sonhando sempre com a mulher perfeita, com o marido perfeito, com o filho perfeito. Estamos sempre buscando os grandes acontecimentos, os grandes eventos. E nos esquecemos de valorizar os pequenos momentos.
Precisamos aprender a nutrir os momentos simples da vida em família, como por exemplo, quando nos sentamos todos à mesa para as refeições. Talvez porque nunca tenha tido esse privilégio na infância. Hoje em minha casa esse momento parece mágico, me fascina poder ter meus três filhos e minha mulher bem ali ao meu lado.
A vida não acontece nas grandes conquistas, e sim nas banalidades do dia- a- dia. Então necessitamos emprestar significado aos momentos triviais da vida.
Uma vez que nossa peregrinação é feita só de momentos, ou melhor, de vários, vários, vários momentos. Seria de bom siso começar-mos a valorizar o momento dentro do tempo -One moment in the time (um momento no tempo).

Que Deus me ajude!
Carpe diem – aproveite o dia
João Ferreira Leite Luz

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